28 de outubro de 2009

Fernando Pessoa



A vida é para nós o que concebemos dela.

Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império.

Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo.

O pobre possui um império; o grande possui um campo.

Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida.


William Shakspeare



Que eu não veja empecilhos na sincera
União de duas almas. Não amor
É o que encontrando alterações se altera
Ou diminui se o atinge o desamor.
Oh, não! Amor é ponto assaz constante
Que ileso os bravos temporais defronta.
É a estrela guia do baixel errante,
De brilho certo, mas valor sem conta.
O Amor não é jogral do tempo, embora
Em seu declínio os lábios nos entorte.
O Amor não muda com o dia e a hora,
Mas persevera ao limiar da morte.

E, se se prova que num erro estou,
Nunca fiz versos, nem jamais se amou."

William Shakspeare